segunda-feira, 16 de novembro de 2009

LUA-DE-MEL NA FAIXA - revista IstoÉ Dinheiro (17-03-2004)

As agências de turismo agora também oferecem listas de casamento. O presente? Viagens de núpcias

Quem casa nem sempre quer casa. A tradicional lista de presentes com faqueiros e cristais para equipar o novo lar ganhou uma versão moderna - e mudou de endereço. Saiu das lojas de artigos domésticos e ingressou nas agências de viagem. Agora, os noivos anseiam por dinheiro para bancar a tão sonhada lua-de-mel. Essa moda de presentear com passagens, diárias e passeios começou na Inglaterra. Os londrinos já tem consultores especializados em arrecadar fundos para o embarque e desembarque dos recém-casados. No Brasil, as companhias de turismo começam a criar departamentos destinados à administração dos modernos presentes de boda.

“É uma maneira de esticar a poupança do casamento”, diz Márcio Moreno, diretor da Traveland Viagens e Turismo, de São Paulo. A prática caiu no gosto das duplas que já tem casa montada, cenário cada vez mais comum. “Eles representam cerca de 60% dos clientes”, afirma Moreno. O modelo também é perfeito entre os casais que vão morar em outra cidade ou país, logo depois da troca de aliança. É vantajosa porque não precisam despachar os presentes.

Em todas as situações, a idéia de reduzir ou zerar os gastos com a lua-de-mel é sempre bem-vinda. Pelas contas da consultora de cerimônias matrimoniais Cláudia Matarazzo, as despesas com uma festa sofisticada podem chegar aos R$ 200 mil. Economizar no roteiro pós-festa, portanto, tornou-se aposta segura. Um dos roteiros mais procurados pelos recém-casados, o Taiti, por exemplo, custa cerca de US$ 5 mil. Eis uma bela poupança para o início de vida a dois.

O funcionamento dessa “lista lua-de-mel” é simples. O custo do roteiro escolhido pelo casal é divido em cotas – variam de acordo com o número de convidados. Na Traveland, em geral, os valores ficam entre R$ 50 e R$ 500. “Os padrinhos levam até cinco cotas”, diz Moreno. Os depósitos são feitos numa conta administrada pela agência, mas os noivos acompanham os extratos. Tudo é feito sem constrangimento para os pombinhos.

“No final, virou uma diversão”, lembra a psicóloga Priscila Gaspar Amadeu, de 27 anos, que não pôs a mão no bolso para a viagem de núpcias em Porto de Galinhas (PE). Cerca de 40 convidados lhe brindaram com as cotas. “Ficamos na torcida até a última hora”, diz. Ela e o marido, Leandro Amadeu, optaram pelo novo presente depois do susto com o orçamento da festa para 400 pessoas. Porém, já tinham listado os pedidos numa loja de decoração. Sem problemas. Tiveram duas listas de presentes.

Roteiro B. As agências preparam dois roteiros distintos. No caso de Priscila e Leandro, as reservas foram feitas num resort de altíssimo luxo e outro moderado. Caso a conta presente não atingisse o saldo suficiente para pagar as diárias mais caras, eles teriam a opção de uma lua-de-mel 50% mais barata. Faz-se dupla reserva porque cerca de 30% dos convidados só compram as cotas na véspera do fechamento do pacote turístico – 10 dias antes da cerimônia.

Foi justamente na reta final que o casal pernambucano Lúcia e Ricardo Gouveia teve uma grata surpresa. Os presentes renderam um embarque de primeira classe para a África do Sul. Até os safaris foram pagos com os mimos dos amigos e parentes. Bastou preparar as malas. Nas finanças do casal, a cotização representou uma economia que bateu nos US$ 10 mil. Apesar do sucesso, os convidados ficaram inseguros. A principal dúvida: como os noivos vão saber quem participou? A agência se encarregou de fazer um cartão assinado por todos que compram as cotas. “Se soubesse dessas vantagens tinha me casado antes”, ri Gouveia.

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