quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Casamento na ponta do lápis - Veja São Paulo

Em média, 60 000 matrimônios são registrados nos cartórios da cidade a cada ano. Noivos de fino trato ou de perfil modesto, eles têm um sonho em comum: que aquele seja o dia mais feliz de suas vidas. Aí entram as cerca de 1 000 empresas que compõem a "indústria das bodas" paulistana. Floristas, banqueteiros, cerimonialistas, DJs, fotógrafos... Não faltam profissionais especializados em mimar pombinhos à beira do altar - e, claro, lucrar com seus serviços. Veja São Paulo consultou trinta dos mais requisitados para saber em que itens é possível cortar gastos para preparar um casamento bacana e econômico

Por Alvaro Leme e Giovana Romani

| 06.05.2009

Para economizar já na hora de pedir a mão da noiva: pequenas mudanças no tipo de metal ou nos quilates podem alterar drasticamente o custo da joia. O preço de um solitário da Tiffany, sonho de muitas moças, pode cair de 164 000 reais para 9 800 reais. "Bastam algumas mudanças em detalhes do diamante", conta a gerente-geral da joalheria no Brasil, Patricia Assui.

Eduardo Delfim
Ainda caro? Na própria Tiffany, por exemplo, dá para comprar um par de alianças de platina por 8 810 reais. As de ouro amarelo custam 4.940 reais o par. As de prata, 1 720 reais.

Entre os fabricantes nacionais, uma opção é a Casa Vasconcellos, no Jardim Paulista. O par de alianças de ouro sai por 800 reais. Com mais 400 reais, uma delas vem com um brilhante pequeno. "O jeito mais fácil de economizar é abrir mão de pedras preciosas", afirma a designer Carla Amorim, dona de uma rede de lojas que leva seu nome. "O casal pode acrescentá-las depois, nas comemorações de bodas."

Pequenas modificações fazem diferença nos convites. Primeira delas: trocar o alto-relevo – aquele em que as letrinhas saltam do papel – por impressões mais simples. O relevo americano é bacana e, em média, 40% mais barato.

A designer Cris Armentano, especializada em convites, oferece um modelo que prescinde do envelope. "Basta dobrar e fechar com uma fitinha", diz. A cada 100 unidades, economizam-se trinta folhas de papel.

Prefira papel nacional de boa qualidade. Pagam-se cerca de 4 reais por um pacote de 100 folhas, contra quase 7 reais do importado.

Luciana Cattani
"Para meu pai topar bancar o casamento, eu me desdobrei para conseguir bons negócios. Cotei sozinha os preços: três fornecedores de cada item. Só não abri mão de um bufê bacana, de boas bebidas e de um excelente DJ. Depois de muita pesquisa, cortei gastos com doces, bem-casados, convites, decoração e vestido. Restringi o número de convidados a 360 pessoas, com prioridade para gente jovem. Gastei 80 000 reais a menos do que havia previsto."
Vanessa Salem, 25 anos, produtora de moda.
Casou-se em 14 de novembro de 2008

Escolha um modelo de convite existente no catálogo do fornecedor. Para criar um molde novo, gastam-se só nisso entre 200 e 300 reais.

Imprima uma quantidade 10% maior de convites para ter uma reserva. Sempre há o risco de esquecer alguém e a impressão de poucas unidades custa mais.

Caligrafia dos envelopes: letras clássicas ou moderninhas custam 2 reais (valor unitário). As góticas, cinco vezes mais.

Existe uma hierarquia nos vestidos de noiva. No topo da lista, reinam absolutos os feitos sob medida, com preço a partir de 15 000 reais. Apostar num modelo pronto diminui a conta para um terço do valor.

André Esquivel
"Pus a mão na massa para economizar no meu casamento. Criei toda a identidade visual da festa, fiz a arte do convite, cozinhei e enrolei boa parte dos docinhos. Por fim, montei todas as lembrancinhas."
Gisela Landi, 29 anos, designer.
Casou-se em 30 de janeiro

Esta é para noivas mais desencanadas: em vez de comprar, alugar o vestido. O primeiro aluguel – aquele em que a noiva manda fazer um vestido sob medida, mas depois o devolve à loja – sai por cerca de 6 000 reais. Subir ao altar com um que já foi usado custa metade desse valor.

Não é unanimidade, mas há quem se vire bem trocando renda francesa por americana. O metro da francesa, para compras em grande quantidade, custa a partir de 500 reais – gastam-se, em média, 7 metros num vestido. A opção americana começa em 200 reais.

Em vez de tecido 100% seda, dá para apostar em variações que levam poliéster. Mas cuidado com a proporção: 70% de seda é o mínimo. "É essencial manter o tom off-white ou pérola", aconselha o estilista Sandro Barros. "Muito branco pode entregar que foi barato."

Pedro Rubens e Fernando Moraes
Para poupar no véu, use tule com bastante volume. Ele ocupa bem o lugar da renda nesse caso.

Substitua grinaldas, coroas e tiaras por flores naturais ou artificiais bem delicadas. Caso faça questão de grinalda, alugue-a. Os preços variam de 200 a 4 000 reais.

Vai servir caipirinhas de vodca? Não tenha medo de usar bebida nacional. A marca top de linha produzida no Brasil é vendida por 13 reais aos fornecedores. A importada não sai por menos de 40 reais.

Hierarquia do preço do champanhe nos fornecedores: Dom Pérignon (560 reais a garrafa), Veuve Clicquot e Möet & Chandon (entre 150 e 200 reais). Usar somente bebida importada deixa o orçamento da festa pelo menos 20% mais caro. Existem boas alternativas entre os espumantes nacionais. A garrafa de Chandon sai por 40 reais. A de Salton, 25. Uma terceira opção seriam proseccos italianos, que custam a partir de 35 reais.

Nem todo mundo quer abrir mão do champanhe. Nesse caso, pode-se investir em drinques que levam a bebida, como kir royal e bellini. Daí, servi-la pura somente na hora de cortar o bolo.

Tire do fundo do baú as joias de família. "Além de chiques, as peças têm história", diz a joalheira Carla Amorim. "É a melhor ocasião para usá-las."

Beto Riginik
"Economizei 6000 reais do cachê do DJ e 3000 no vídeo, graças aos contatos da assessoria de casamento que contratei. Apenas um dos sete andares do meu bolo era verdadeiro. Deixei de gastar 1 800 reais porque eu mesma fiz."
Roberta Gauss, 26 anos, confeiteira.
Casou-se em 8 de novembro de 2008

Nada de alugar veículo antigo ou limusine. Peça um carro bacana emprestado e contrate um motorista (economia de, no mínimo, 700 reais).

Quer poupar 3 000 reais na cerimônia? Abra mão do aluguel de som e microfones. Exceto se você vai se casar num lugar enorme como a Catedral da Sé, um belo coral acústico dá conta do recado – em geral, as igrejas são projetadas para que o som se propague facilmente.

Construir uma cobertura ou alugar um espaço já existente? A segunda opção é beeeeem mais em conta. Você vai gastar 20 000 reais para alugar um bufê. Num cálculo modesto, serão necessários 100 000 reais para construir uma tenda no jardim de casa. "Os elementos da cenografia são calculados por metro quadrado", diz o decorador José Antonio de Castro Bernardes.

Xico Buny
Nada de casar-se na praia ou no campo – engorda o orçamento em 30%. Toda a mão de obra que se desloca para fora da cidade cobra o dobro. E você terá de bancar hospedagem da equipe.

Aproveite o mobiliário do local alugado, já incluso no valor pago pelo salão. A locação de mesas, cadeiras, pufes e bufês encarece entre 5% e 10% o orçamento.

Se precisar alugar os móveis, concentre o pedido em poucos fornecedores para não gastar excessivamente com o frete. "Depois da restrição de circulação de caminhões na cidade, o preço aumentou", afirma Gabriela Camargo, organizadora de casamentos da Festività.

Regra que vale para todos os itens: se está na moda, vai custar mais. Assim, fuja do "bufê do momento", da "igreja mais chique" ou do "costureiro das estrelas". Fama não é sinônimo de qualidade.

Lembre-se da regra acima ao alugar mobília. No caso dos sofás e poltronas com design assinado, o preço dobra. Para as mesas, a diferença assusta: um modelo simples, de madeira, custa 20 reais – contra 400 reais de cada uma das criadas por nomes badalados.

Fernando Moraes

Unanimidade entre os especialistas: flores da estação diminuem até 30% do valor investido em decoração. "Não adianta se casar no verão e querer tulipas, que são típicas do inverno", diz Chris Ayrosa, organizadora de uniões pesos-pesados como a da bilionária Athina Onassis.

Não é necessário decorar cada banco da igreja. Coloque arranjos nos de uma fileira e pule os dois seguintes. Outro truque quase imperceptível: em vez de somente flores, os arranjos de centro de mesa podem conter folhagem. Economiza, sem prejudicar o volume.

Para impressionar sem torrar dinheiro, lance mão de flores tropicais como helicônia, alpínia e bastão-do-imperador. Com uma haste (3 reais) e um maço grande de murta (5 reais), dá para criar um arranjo. "Outras opções são a costela-de-adão e a dracena", sugere o florista Vic Meirelles. Vale abusar da gipsófila, chamada popularmente de "mosquitinho" (10 reais o maço).

Fernando Moraes
Árvores secas dão charme ao ambiente, mas o aluguel de cada unidade custa, no mínimo, 150 reais.

Se a escolha forem as rosas, prefira as nacionais de cabo médio. Direto no fornecedor, é possível comprar cinco dúzias por 25 reais. O pacote com vinte botões de rosa colombiana custa pelo menos 30 reais.

Janeiro, fevereiro e julho são bons para pechinchar, porque menos gente marca eventos nesses meses.

O serviço à francesa (empratado) caiu em desuso. Além de formal, custa 20% mais que o bufê americano, pois exige mais mão de obra na cozinha e no salão.

Preste atenção aos pratos básicos que devem ser servidos no bufê: salada, entrada fria, massa, uma carne, um peixe e um acompanhamento. "Não precisa de mais que isso", diz Andrea Fasano, do Buffet Fasano.

Opção de bufê mais em conta: finger food. As entradas são dispostas em ilhas de degustação onde há aperitivos e canapés. Para o jantar, pequenas porções de apenas dois pratos, como massas e risotos, servidas pelos garçons. Para finalizar, dois tipos de sobremesa. Nesse sistema gasta-se 25% menos que no bufê tradicional. "É econômico e cool, sem deixar de ser chique", afirma o chef Christian Formon.

Fernando Moraes

Sim, é possível abrir mão da mesa de doces. E sem passar vergonha. Quem dá a dica é Carla Fiani, organizadora de casamentos estrelados como o da cantora Wanessa (ex-Camargo). "Aposte em opções mínis de creme brûlé, petit gâteau e profiteroles."

Já pegou um doce e, depois da primeira mordida, jogou fora porque tem um ingrediente de que você não gosta? Para evitar esse desperdício, destaque uma copeira para explicar os sabores. De quebra, ela inibirá a gula de apressadinhos que comem antes da hora.

Elder Buck
"Um bufê tradicional cobrou 180 reais por pessoa. Recorri a outro, bacana mas não tão concorrido, no qual pagaria 115 reais por convidado. Outra dica: comprar bebidas em janeiro, quando as lojas fazem saldão."
Tatiana Skibelski, 24 anos, professora.
Casou-se em 21 de março
Personalizados, os noivinhos do bolo ficam uma graça. Custam 300 reais. Se tiver oportunidade, procure nas lojas uma duplinha já pronta, parecida com vocês. Assim fez a publicitária Cíntia Costa. "Paguei 50 reais", conta ela, que dá dicas do tipo no blog Planejando Meu Casamento.

Para aquele bolo que sai nas fotos, alugue um cenográfico. Há modelos por 300 reais. Na hora de servir a guloseima, pode-se optar por uma mais simples, que já vem cortada da cozinha.

Troque a cobertura de pasta americana do bolo por ganache ou merengue, mais gostosas e econômicas. Recheios de brigadeiro e doce de leite custam entre 15% e 30% menos que os de damasco, nozes e pistache.

Optar por música ao vivo pode custar o dobro de contratar um DJ.

Um dos bem-casados abaixo custa 2,10 reais a unidade. O outro, 2,60. Dá para notar a diferença? Apesar de o doce ser o mesmo, o material da embalagem diminui o custo. O da esquerda leva papel crepom e fita nacionais, por isso é a opção econômica.

Fernando Moraes

Tente pagar o máximo de serviços à vista – o que permite negociar descontos de 10%. Pelo mesmo motivo, fechar negócio com pelo menos um ano de antecedência pode diminuir os gastos. Em geral, a margem de lucro dos fornecedores varia entre 20% e 30% do preço de custo.

Por último, mas não menos importante: exigir todos os orçamentos por escrito pode poupar dinheiro e dor de cabeça. "Leia cada letrinha dos contratos para não ter surpresas desagradáveis depois", aconselha Vera Simão.

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