sexta-feira, 16 de outubro de 2009

É preciso inovar. Mas sem perder a tradição - O Estado de S.Paulo

Fotógrafos de casamento apostam em fotos modernas - e marcantes
Ana Bizzotto
A tecnologia e o olhar diferenciado de fotógrafos novatos na profissão têm dado um formato inovador ao tradicional álbum de casamento. Esses profissionais chegam a passar 14 horas na cerimônia e nos rituais que a antecedem ou sucedem, mas não se importam com o cansaço. A paixão pelo ofício é recompensada pela alegria dos noivos, a agenda cheia e prêmios internacionais.

O fotógrafo mineiro Vinicius Matos, de 33 anos, está na profissão há dois e já coleciona alguns troféus: ficou em primeiro lugar no ranking de 2009 da Sociedade Internacional de Fotógrafos Profissionais de Casamento (ISPWP), com 13 fotos premiadas, e venceu em 2008 um concurso brasileiro de álbuns de casamento.

Formado em Administração, ele clicava por hobby, apesar de ser proprietário da agência La Foto e da Escola de Imagens, em Belo Horizonte. Quando o sócio deixou o negócio, teve de assumir os casamentos e as aulas. "Falava que nunca fotografaria casamento, achava monótono. Paguei a língua." Há dois meses, abriu uma filial do estúdio em São Paulo. "Procuro ser ousado, nem que seja para errar."

A fotografia de casamento, segundo Matos, começou a mudar nos anos 90, quando repórteres fotográficos dos Estados Unidos e da Austrália apostaram na espontaneidade para inovar o gênero, amparados por uma equipe que registra cada minuto da cerimônia.

Há casos em que a vocação nasceu de forma curiosa. Ao se deparar com o resultado desastroso das fotos de seu próprio casamento, há 11 anos, a arquiteta Juliana Mozart, de 32, começou a se interessar pela profissão. Há sete anos, fez um curso e assumiu o ofício.

São cerca de 7 mil imagens para garantir que "o dia mais feliz" seja bem captado, ao contrário do que aconteceu com ela. "Costumo dizer às minhas clientes que não precisei fazer terapia", brinca. "E que elas terão uma foto bacana de cada momento; um álbum com cara de revista", diz a fotógrafa, premiada três vezes pela associação de fotojornalistas de casamento (AGWPJA).

Cineasta de formação, a carioca Renata Xavier, de 30 anos, começou a carreira em jornais e revistas. Ao decidir se casar, em 2004, pesquisou a área e acabou fotografando as festas de três amigas. Em abril, foi premiada pela revista de fotografia PDN, de Nova York. "A tecnologia abriu o leque para a liberdade e experimentação do fotógrafo. Fica mais fácil fotografar, mas conseguir imagens marcantes se tornou um desafio. Busco imagens que sejam apreciadas daqui a 50 anos."

"TRASH THE DRESS"

O engenheiro paulistano Anderson Miranda, de 41 anos, decidiu mudar de cidade e de profissão há cinco: escolheu Florianópolis para registrar casamentos e investir no Trash the Dress, ensaio ousado feito depois da lua de mel - ele é o precursor do estilo no Brasil. "Gosto de locais exóticos, onde a noiva nunca iria com o vestido", diz.

Nos Estados Unidos, onde a tendência nasceu, a proposta é rasgar e sujar o vestido para que ele vire um verdadeiro lixo. "Somos mais flexíveis no Brasil. Um vestido aqui custa caríssimo, jogá-lo fora seria um crime", diz o catarinense Jared Windmüller, de 36 anos. Adepto da tendência, ele se tornou fotógrafo de casamento há um ano, também em Florianópolis. "As fotos clássicas, posadas, não deixam de existir, mas a demanda por fotos que fujam do padrão está cada vez maior", diz. "O grande barato é que depois do casamento os noivos estão bem mais à vontade."

Miranda se prepara para fotografar um casal em uma fábrica abandonada de São Paulo, enquanto Windmüller fará um ensaio em novembro no Pelourinho e nas praias de Salvador.

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